Don't Look Back In Anger

Quando acabei o ensino médio estava perdida sobre o que faria dali para frente e talvez essa sensação ainda me persiga por mais um tempo. A questão é que eu tentava me convencer e a todos à minha volta que eu realmente queria tudo aquilo: faculdade, primeiro emprego, independência financeira, namoro, vida social, saúde mental e física, comer bem e todas as coisas que vendem para a gente quando temos dezesseis ou dezessete anos.
Hoje em dia tenho plena consciência de que tudo isso é uma grande mentira e que na maior parte do tempo a gente luta contra angústia, medo, ansiedade, frustração e a lista é longa.




A coisa mais frustrante sobre a vida adulta é que você passa a maior parte do tempo lutando consigo mesmo e com os outros para conseguir sobreviver de uma forma saudável. Diante da realidade dura você percebe que não existe aplicar o "largar tudo e fazer o que der na telha" para pelo menos 90% da população.
As pessoas passam a maior parte do tempo pagando contas e tentando manter algum tipo de sanidade e acabam deixando para trás os sonhos e os desejos de quando tinha dezesseis anos e deixa eu te contar uma coisa: isso não é culpa delas.
Quem larga tudo para fazer qualquer coisa, para ganhar o primeiro milhão ou o que quer que o valha pode fazer isso. Se der qualquer problema ela pode correr para alguém, ela terá dinheiro e ela encontrará um emprego com muita facilidade. Quem faz isso é quem consegue fazer isso, quem tem o privilégio de fazer isso.



E diante de tantas coisas que me arrancaram o sono uma delas é saber que eu posso fazer faculdade e estava tornando isso uma tarefa nojenta, desgastante, triste e humilhante. E não estou exagerando.
Diante de tudo isso eu me vi privilegiada e às vezes perceber quantos benefícios você tem quando outra pessoa daria muito - ou tudo - que tem para tem metade das minhas coisas. Dói se dar conta do privilégio, dói saber de injustiça e de saber que há tantas outras coisas para se preocupar ao mesmo tempo que é gratificante.
Quando penso nas pessoas que tiveram os planos alterados - seja por uma gravidez não planejada, uma perda de emprego ou trancamento de faculdade - eu só espero que quando elas olharem para o antigo "eu" que elas não sintam ódio ou raiva. Que acima de tudo elas não se culpem e que não olhem para trás com raiva.



Nas fotos tiradas pelo Lucas Souza eu visto: camiseta do Lucas customizada por mim, sutiã Loungerie, calça Le Lis Blanc, jaqueta da mamãe, cinto tão velho que eu nem sei, tênis Puma e chapéu da 25 de março.

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