Conte um pouco sobre amor...

Foto: WeHeartIt

Quando somos crianças a ideia de amor verdadeiro que sempre nos vendem são de príncipes salvando princesas – ou no meu caso, princesas salvando príncipes -, quando adolescentes nossa ideia de amor ideal é algo como Romeu e Julieta com todo drama e teatro deste período da vida, mas quando jovem ninguém vende essa ideia para nós porque nós a criamos.
Claro, sempre tentam empurrar alguns livros e filmes de romance que nada vão nos acrescentar, afinal, sempre serão aqueles romances que começam do nada e é intenso, louco, cheio de brigas e beijos, entretanto entendemos que amor não tem absolutamente nada a ver com aquilo que mostram.
Eu tenho a honra de presenciar as mais belas histórias de amor de uma forma relativamente próxima: minha avó paterna me contando que quando ficou grávida do primeiro filho, passava horas em claro desejando que seu filho tivesse a aparência do pai porque aquele homem era certamente a criatura mais bonita que ela já vira; o prazer de olhar as filmagens dos meus bisavôs maternos trocando carícias na frente da casa deles num frio congelante; meus pais brincando um com o outro de lutinha como se tivessem eternamente seus dezoito anos; minha avó materna contando que se não fosse por uma festa junina – deve ser daí que vem meu amor pela época festiva – e uma dança, ela nunca teria se apaixonado pelo meu avô; o carinho dos avós paternos do meu namorado enquanto apreciamos um café da tarde.
Depois de tanto observar o amor, eu sei que algumas coisas são essenciais para que eles continuem firmes e fortes: sintonia, respeito e reciprocidade.
 Recentemente a senhora responsável pelo melhor cappuccino do mundo nos deixou e seu sotaque extremamente forte me chamando de “menininha Larissa” ecoa na minha mente enquanto deixo sua história de amor circular na minha cabeça como um filme de época: o casamento impedido pelas famílias, a fuga para outro país para ficar junto de seu amado, a força para trabalhar e cuidar dos filhos, netos, noras e agregados que amava tanto e acima de tudo o olhar que sustentava com seu velhinho.
O amor se constrói e, entre tantas lembranças de conselhos e histórias, uma das que mais se sustentam é essa: eu em um vestido azul parabenizando a avó do meu namorado por ter completado 60 anos de casamento – as quase inalcançáveis bodas de diamante – e alguém ao meu lado perguntando enquanto ela segura nossas mãos: “qual é o segredo para durar tanto?”, então ela aperta nossas mãos e pensa um pouco, um instante depois abre um sorriso como se fosse revelar uma fórmula mágica:
 “Você tem que gostar, não é?” e então solta uma risada e nos deixa pensando por horas sem saber que aquelas simples palavras ecoarão para sempre.

Com muito amor,
Querida Asquini.

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