25.

 Eu sempre gostei do conceito de se olhar no espelho, não só por vaidade, mas pela capacidade de se imergir por minutos em si mesmo se olhando por ângulos e tendo um pouco da experiência dos outros ao te olhar. É um bocado engraçado o quanto dá para se conhecer de frente para um espelho, mas normalmente qualquer reconhecimento de si, é vaidade e/ou egocentrismo.

Digamos que aos 25 não tenho muito mais espaço em mim para que minha vaidade seja determinada pela régua dos outros, portanto, esse texto nada mais é do que um espelho.

Comecemos pelas feições, que nesses últimos meses, mudaram tanto. Por semanas foram tristes, o lábio caído num arco para baixo, os olhos fundos, a expressão cansada, têm dado lugar a expressões engraçadas, as mesmas olheiras, mas com os olhos semiserrados num sorriso aleatório. O maxilar continua anguloso devido a constante mania de tensioná-los acidentalmente.

Veja, olhando para você agora, a culpa não lhe veste tão bem quanto antes. Ela é desajustada, incomoda, até um pouco cafona, sabe? Como se a época de vesti-la fosse anos atrás. Ou talvez nunca foi muito seu estilo. Nessa troca de roupa, a culpa precisou ser substituída por algo que você sempre gostou em outras pessoas, mas que achava que não lhe caia bem. Sabe aquela falta de preocupação de saber que errou, mas não se importar muito com isso?

Isso lhe caiu muito bem! E não, não estou falando sobre a incapacidade de ajustar a preocupação, mas de vesti-la de outra forma. É como se você entendesse que essa culpa violenta de nada lhe serve, que é muito melhor saber que há peças em si que vão lhe desfavorecer e que talvez precise de ajustes, mas que elas não precisam ficar escondidas na gaveta.

Como se você entendesse que maquiagem é boa, mas quando te desfigura, te torna outra pessoa? Você não parece consigo mesma?

Não tem sido fácil olhar no espelho, mas fique feliz de olhar cada vez mais fundo e por outros ângulos. Nem sempre teu lado mais bonito é o mesmo.

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