dia 30.

 Tenho receio de estar me perdendo nos dias. Tenho que rever as contas, rever os números e você sabe que eu não sou muito boa com eles, não é papai?

Tenho pedido tanto para que os guias te tragam de volta e que aliviem teu medo, tua angústia e que te ajudem a entender suas limitações nesse momento. Eu sei da sua capacidade de compreender e aceitar as situações - coisa que eu tenho tanta dificuldade, papai. Eu tento procurar onde foi que a gente falhou, onde foi que deu tudo tão errado e porquê essas coisas aconteceram logo conosco, sabe? Eu não consigo não colocar isso numa caixinha de justo, injusto, certo e errado.

Você mais do que ninguém sabe que eu sou zero a pessoa que aceita as coisas como elas são. Eu tento mudá-las, tento melhorá-las e torná-las mais justa. E é pesado fazer isso quando se tem zero controle da situação, quando se tem zero visibilidade. É como tentar melhor o trânsito numa serra cheia de neblina.

Atualmente é como se tudo estivesse meio em stand by. Eu não consigo sentir prazer em praticamente nada, sabe? Por exemplo, me sinto culpada em não conseguir gostar de música nesse momento, de querer tanto silêncio sendo que eu e a mamãe somos sonoras, gostamos de barulho, mas ele não faz sentido se não for para dividir com você.

Eu sei que você está com medo de voltar. Eu te sinto tanto que me assusta, papai. É uma conexão que me espanta.

E eu acabei de saber que você deu um susto na equipe médica e ficou com os batimentos cardíacos bem fraquinhos, mas que melhoraram essa relação aí. Volta pra gente, papai. Fica calmo, fica tranquilo, mas nem tanto hahaha. Você vai voltar pra casa! Tenho fé absoluta de que isso vai acontecer.

É uma pequena conquista por dia.

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