Quando deixei de acreditar?

Não sei dizer quando tudo começou, mas a cada dia que passa tenho mais certeza que isso é tão real que é quase palpável.
Quando eu era muito nova eu assistia meus familiares orando com louvor em missas e todas as noites estávamos sentados na cama dos meus pais agradecendo pelo dia que tivemos, pela saúde, a comida na mesa, a nossa união, nossos amigos e parentes. Pedíamos orientação e luz para aqueles que não estavam bem e também sempre recordamos daqueles que já tinham partido.
Ao longo dos anos comecei a criticar a religião, comecei a ficar cética, a ler escândalos, a discordar da bíblia, a criticar. Eu questionei e todas minhas dúvidas eram silenciadas, censuradas. Ouvi dentro da igreja que Deus não era meu amigo então eu não deveria falar desse ou daquele jeito.
Vi homens traindo suas esposas e as esposas tão tristes que era impossível acreditar que casamento era realmente na alegria e na tristeza.
Desacreditei, odiei a igreja e duvidei de Deus.
Ao longo dos anos, uma energia estranha sempre me guiou, algo sempre esteve ali perto de mim e da minha família e nunca nos abandonou. As coisas ruins sempre se tornaram positivas na minha casa, nós sempre agradecemos e reconhecemos em nossa realidade o sonho de milhares de pessoas. Não era culpa nossa estar ali, mas ainda bem que a gente estava e, silenciosamente, a gente rezava para que um dia aqueles que sonhavam com nossa realidade também pudessem alcançar.
Eu vi contradições, ódio, antipatia, angústia, nojo, aflição em um ambiente que se diz acolhedor e só de amor.
Quando foi que eu deixei de acreditar? Quando deixamos de acreditar?
Ouço músicas de almas perdidas, vejo pessoas com desequilíbrios hormonais, sentimentais e psicológicos atentando contra suas próprias vidas. Vejo homens trocando vidas por dinheiro, deixando morrer os sonhos mais efêmeros.
Vi minhas mulheres mais velhas chorando, mas sempre orando, acreditando em algo melhor. Elas já viram coisas bem piores que eu e ainda enxergam positividade, carinho, amor, afeto, ainda acreditam que Deus está sempre por nós, conosco. Elas não tem uma imagem perfeita de Deus, nem o descrevem por regras, elas só se guiam por algo positivo, se orientam pela força. Elas ainda sentem.
Quando vamos voltar a sentir?

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