Genderless, o que?


Não é de hoje que tentam lançar coleções genderless (sem gênero, em tradução livre) e acredito que nem todo mundo saiba a importância que isso trouxe, traz e trará para a nossa evolução humana.
Antes de começarmos a conversar, vamos deixar o ódio de lado e pensar em algumas coisas tais como: não associe gênero com o que você carrega no meio das pernas e não pense que essa campanha tem a ver unicamente com homossexuais - aliás vou até provar isso.
Quantas vezes você já entrou na sessão masculina e achou uma peça linda e torcia para que, algum dia, fizessem a peça exatamente do seu tamanho? Quantas vezes você quis pegar emprestada a blusa do seu amigo, pai ou namorado porque achava que ia complementar aquele look de forma absurda?
Bem, se você gosta pelo menos 5% de moda, deveria pesquisar um pouco a respeito e não reclamar - nunca - da questão genderless e aqui está alguns porquês.
Houve uma época em que não podíamos usar saia na altura das canelas nem com meias por baixo, mas os homens podiam.
Houve uma época em que não podíamos sair sem apertar nossas cinturas até que elas tivessem circunferência perfeita de 40cm - e não importa qual peso você tinha.
Houve uma época em que não podíamos usar calça, gravata, nem terninho.
Houve uma época em que não podíamos nem pensar em usar camisetas.
Enfim, há uma lista enorme de coisas que não podíamos fazer quando queríamos nos vestir. E se não fosse a luta por não haver gênero em roupa, ainda estaríamos morrendo porque o corset estaria tão apertado que nos causaria hemorragia interna.
FOTOS: Divulgação/Pinterest

A criadora de uma das grifes mais consagradas no mundo da moda foi responsável por você conseguir comprar um bom par de jeans que valoriza seu bumbum e coxas em qualquer loja de departamento e como você acha que ela conseguiu isso? Lutando pela questão de gênero, obviamente.
O pensamento básico de Chanel foi "isso é confortável, quero usar e vou usar". E usou e você também usa graças a ela.
Assim como na década de 1920, a ideia de Chanel não foi bem vista, na verdade, parecia um absurdo uma mulher se vestir de tal forma: tão masculina e inadequada.
Ela não foi bem vista por muitos, assim como estamos presenciando a falta de aceitação exatamente do mesmo tipo em 2016.
E isso vai percorrer por muito tempo até que todas as marcas e consumidores abram a mente e entendam que questão de gênero não é criar peças iguais para todo mundo, com cores neutras e modelagens largas.
A questão de gênero é entender que você, mulher, pode muito bem curtir aquela camiseta de quadrinhos na sessão masculina e achar do seu tamanho na sessão feminina. É entender que você, homem, pode muito bem adorar uma bermuda feminina toda colorida e cheia de aplicações e encontrar a mesma que cabe no seu quadril na sessão masculina.
É, acima de tudo, entender que não precisamos de uma sessão masculina e feminina, que a moda é uma metamorfose ambulante e muito inconstante. É entender que precisamos unicamente de diferenciações em modelagens e tamanhos que vão se adequar melhor a um determinado tipo de corpo e ter todos os tipos de corpos nas araras e deixar com que o consumidor escolha isso, não impor uma ditadura de vestimenta.
Já tivemos camisas rosas, calças boyfriend, blusas largas, polo coloridas, gravatas e laços estampados, pantalonas, (...) e a lista continua.
O que seriam todas essas tendências se não uma grande mistura do que você gosta e se identifica? Sua calça boyfriend com sua top cropped é uma escolha genderless, caso contrário, você nem sonharia em roubar a calça do seu namorado.
Vamos pensar um pouco e lembrar que nós já ousamos e que isso é só uma continuação da ousadia que só vai trazer coisas maravilhosas para nossos guarda-roupas, como tem feito ao longo de todos esses anos.
Vamos evoluir, não retroceder.
Com amor e diversidade,
Querida Asquini.

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