dia 18.

Hoje é segunda-feira de novo.

Eu não sou muito fã de segundas, normalmente são meus dias de ansiedade atacada, sabe? Eu sempre acho que o fato de estarmos começando uma nova semana, um novo ciclo, me força a resolver tudo que tenho pendente em um único dia.

Dessa vez é uma ansiedade diferente. É como se todas as crises que eu tive ao longo das segundas, de uma forma muito angustiante, me prepararam para tentar lidar com o que eu estou sentindo agora. É como se esse tempo inteiro meu corpo e minha cabeça estivessem antecipando o medo, o perigo e dessa vez o perigo é real. Eu preciso efetivamente sair, lidar com ele, combater esse monstro ou ele vai nos engolir.

Parece uma analogia meio irresponsável, talvez, mas de verdade eu já não sei mais o que faz sentido.

Eu sou muito grata por tudo que está acontecendo ao mesmo tempo que eu tenho um medo tão forte que ele parece que me come por dentro. Corrói cada partezinha minha. Eu passei a odiar o toque de celular da minha mãe, de tal forma que eu cogito diariamente como poderei comprar um novo aparelho telefônico para ela de aniversário e quando meu pai voltar só para não ter que escutar esse toque nunca mais.

O misto de esperança e pavor é como tentar misturar água e óleo: continua sendo impossível, mas os dois tomam conta do frasco inteiro, sabe?

É muito estranho desejar a ligação do hospital contando as boas notícias ao mesmo tempo que deseja que não liguem de manhã porque significa notícias ruins e aos finais de semana significa que ele segue estável se não ligaram.

Eu fico tentando imaginar, visualizar como meu papai está. Se ele está barbudo, se perdeu muito peso, se está irritado ou se está tranquilo. Ao mesmo tempo eu não quero pensar nisso.

É tudo muito intenso, esquisito e parece que eu estou sempre anestesiada.

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