hoje eu fugi das regras

fotografia feita pela autora do texto, vulgo larissa honorato (eu)

hoje me concentrei em algo novo que outrora fora um velho hábito.
reascendi sentimentos.

logo pela manhã (completamente fora da minha rotina) abri os olhos, a janela e um livro. eu o apoiei no colo.

as folhas não contavam sobre a dura vida de alguma ativista. tampouco retratava a violência policial. também não falava sobre tendências da minha profissão. falava sobre fantasias. falava sobre amor. me senti com treze anos.

no escritório improvisado não segui as duras regras autoimpostas. sabotei todas elas. as de horário, as de produtividade, as de prazos. fui severamente irresponsável com os meus padrões.

interrompi um relatório para ver um filme. este não era baseado em fatos reais, não tinha lutas de classe, gênero ou raça. muito menos guerras entre nações. era um filme bobo. água com açúcar. sessão da tarde.
desses que alimenta o imaginário romântico que carregamos ao longo da vida e cercamos de esperanças aqui e ali.

fiquei ausente das militâncias do twitter, dos posts angustiantes do instagram e das discussões do facebook. esqueci de todas as polêmicas que exercitam diariamente meu senso crítico em relação ao meu meio social. precisei me esquecer de recortes.

tentei me lembrar da última vez que estimulei minha parte artística sem fins lucrativos. de quando consumi conteúdos divertidos sem um objetivo final. não soube me responder.

fui engolida pela realidade e toda vez que olho ao redor sou triturada mais um pouco. o medo é real. o mundo é real. a culpa é real. e a forma como eu vou lidar com tudo também é real.
fazer minha parte também é me desligar, me ausentar, me preservar. não dá pra ajudar ninguém doente. seja do corpo ou da cabeça.
e se algo aprendi nas redes é que tenho muitos ~privilégios~ e tá tudo bem usá-los conscientemente.

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