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Larissa Honorato

querido raio de sol,

acredito que leituras são demasiadamente particulares. eu interpreto de acordo com o meu repertório e a minha realidade - e você faz o mesmo. é por isso que eu acho tão legal a ideia de que as pessoas podem ler um livro e algumas amarem, outras odiarem, outras ficarem confusas, mas a melhor sensação é que você nunca sai o mesmo depois de uma leitura.

quando nessa mesma época, um ano atrás, eu me debruçava frente à tela de computador, não tinha ideia do impacto que um simples texto, redigido com carinho, pudesse causar. veja, é bastante contraditório com o que eu acabei de escrever, mas acho que a vida é meio que um compilado de momentos contraditórios.

enquanto escrevia, também pensava sobre um livro rígido, capa dura, gramatura grossa de papel. um livro robusto, mas que, ao abrir, continha até algumas ilustrações. veja você, um livro adulto, grosseiro e quando abre tem desenhos? decepcionantemente apaixonante! - era assim que imaginava as pessoas convivendo com você. a cada página uma nova curiosidade, uma leitura leve, mesmo com aparência de rigidez.

acontece que, às vezes, seja lá qual for o motivo, até mesmo os nossos livros favoritos voltam para estante; mesmo que a leitura destes sejam deliciosas, reconfortantes e familiares. quando colocamos a nossa leitura favorita de volta na estante, somos preenchidos por uma sensação agridoce - felizes de ler novamente, tristes por ter terminado mais uma vez. não tem nada de errado com o livro, muito menos com o leitor, é só o momento literário.

penso que os livros também tem seus leitores favoritos - aqueles que os leem com cuidado, que fazem anotações da leitura, que por vezes leem as palavras em voz alta e fazem expressões faciais diversas enquanto leem. "finalmente alguém que aproveita e se deleita!" - é o que eles diriam, se pudessem falar.

e a dinâmica "meu livro favorito" e "meu leitor favorito" funciona muito bem desde que nenhuma das partes não se camufle no favoritismo ou na gula de não dividi-lo com o mundo. ora, para que vou permitir outros leitores se esse aqui suporta até meus erros gramaticais? por que eu trocaria de livro se eu já conheço essa história? pra que precisaria de um novo leitor?

bom, aqui retomo meu pensamento inicial: você nunca sai o mesmo depois de uma leitura.

quando li crepúsculo aos treze anos, eu definitivamente era Team Edward, mas uma simpatizante Team Jacob - aqui você tem licença poética para piadas sobre sempre ter sido "em cima do muro". foi só quando eu li outros livros que consegui entender que o Edward precisava de terapia e de uma boa chave de perna, o Jacob era um gostoso sem autoestima alguma, e a autora, bom, essa precisava de bastante análise que eu nem sei por onde começar.

divagando um pouco, eu só consegui ter novas visões com o passar do tempo, lendo outros livros e debatendo com outros leitores. caso contrário, arrisco dizer que continuaria com a narrativa viciada que eu queria namorar um Edward e bem, sabemos que ele não é muito bom partido, né?

eu era daquelas que acreditava fielmente que não deveria emprestar nenhum livro. eles eram de minha posse e eram muito pessoais. mas que injusto deixá-los acumulando poeira na estante até eu resolver lê-los novamente, não é? acho que no fundo, eu também tinha medo que outras pessoas vissem os erros gramaticais que eu vi ou que não achassem o livro nada demais e não entendiam porque eu o adorava. acho que no fundo, eu tinha medo que me entendessem pelas minhas leituras e me condenassem por elas.

mas além de não permitir que os outros conheçam sua biblioteca, dói mais alterar de papel e, de leitora favorita, passei a ser o livro na estante, aguardando meu momento de brilhar novamente. juntou-se pó, muita sujeira e nada de ser lida novamente - e sei que muitas vezes, você também se sentiu assim.

eu, cansada de esperar por aquele leitor favorito, pensei ser justo para este livro, permitir que outros leitores conhecessem a história. hoje penso que tudo bem permitir que outras pessoas vejam minha biblioteca, que tenham suas conclusões, que me devolvam os livros com algumas marquinhas novas e dividindo comigo suas interpretações, porque você nunca sai o mesmo depois de uma leitura, e é justo que eu não controle a leitura de ninguém, certo?

e acredito que, de certa forma, ano passado foi quase uma premonição - ou uma maldição, dependendo do seu ponto de vista - que você acatou e transformou em um mantra. desde então, surgiram novos leitores, alguns machucados e rasguinhos nas páginas, e outras anotações grifadas como importante, mas acima de tudo, você entendeu a importância de dividir e disseminar esse livro.

sou ridiculamente feliz por teu incentivo em permitir que uma nova leitora me visse mais do um livro e você absorveu tudo, ficando na estante apenas tempo o suficiente para entender que estava na hora de compartilhar novas histórias.

com amor,

Larissa.

setembro 18, 2023 No comentários

eu tinha dezessete anos quando comecei a estudar fotografia. talvez as teorias e conceitos da física nas aulas da escola tenham sido a única matéria dessa disciplina nas quais eu, efetivamente, prestei atenção. quando fiz um curso sobre o tema, devia ter uns vinte anos e, desde então, entendi que eu gosto de registrar momentos em que a iluminação captada pelas lentes mostre contrastes impactantes. fechos de luz, pretos e brancos marcados, sombras realçadas pelo excesso de luz vinda do sentido oposto.

talvez seja uma boa forma de ilustrar como eu te vejo há algum tempo. o guarda-roupas composto por uma quantidade obscena de peças pretas, as botas desgastadas, o cabelo escuro, os cílios longos e a sobrancelha preenchida são complementarmente opostos ao seu jeito doce, meigo, gentil e maliciosamente ingênuo que flui tão naturalmente de você. às vezes eu acho que você nem percebe.

é comicamente inquietante a quantidade de risadinhas seguidas da confissão "não entendi" vinda de alguém que prestou tanta atenção em detalhes meus que nem eu mesma me dava conta que estavam ali (e que soltei em conversas despretensiosamente convincentes). atentamente distraída, eu diria. na versão moderna de revelar as fotos (ou apenas transferir de um dispositivo obsoleto para um não-tão-obsoleto assim), percebo que num susto apertando efusiva e timidamente o botão de uma câmera outrora esquecida na gaveta, traduzi em imagem o que tentei escrever.

antônimos e pleonasmos ficam redundantemente significativos com você.

junho 13, 2023 No comentários


andamos cerca de um quilômetro até virar à esquerda em um píer comprido, cheio de vegetações que nunca tinha visto antes e caminhamos mais um pouco até pararmos em frente à areia branca e quente. ficamos em silêncio por alguns minutos, em pé, sentindo os cabelos tomarem outras formas por conta da maresia. até que ela interrompe, a respiração alta, daquelas que indica que virá algum tipo de confissão na sequência.

"esse é um dos meus maiores, medos, sabia?", era uma pergunta retórica então apenas espero que ela continue. "o mar. quero dizer, acho que esse É o meu maior medo. é lindo, é muito majestoso, grande, mas nunca se sabe o que dá para encontrar nele. por exemplo, no fundo tem animais que nem se quer conhecemos, que nunca viram a luz." continuamos encarando o horizonte sem trocar olhares e reflito em silêncio, em companhia ao devaneio verbalizado. "também é do mar que vem os tsunamis. eu tenho verdadeiro pavor de tsunamis. não gosto nem de pensar.". de repente, ela parece estranhamente aliviada e feliz e, nos minutos seguintes, continua elaborando suas teorias sobre o que existe no mar e o que lhe causa medo, até que por fim conclui "é por isso que eu só consigo ir até onde me dá pé, onde a água bate na cintura".

há quem diga que tememos o que desconhecemos, há quem diga que tememos o que conhecemos. eu concordo com ambos, mas também acredito que temos medo daquilo que somos e não sabemos, e também daquilo que somos e não queremos reconhecer. isso, para mim, faz bastante sentido, sabe?

quando o silêncio tomou conta novamente, ficamos brincando com a areia enquanto o celular reproduzia a playlist que ela escolheu e cantarolávamos baixinho, enquanto casais e alguns ciclistas de diversas idades passavam atrás, cada um com seu ritmo de passada. secretamente, pensava sobre aquele medo que foi genuinamente compartilhado.

existe sim muitos motivos para temer o mar, as criaturas que nunca viram luz, os tubarões famintos, as ondas gigantes, mas também há muito o que aproveitar da maresia, da água morna, de boiar em águas tranquilas.

as coisas gigantes, como o mar, uma floresta completamente escura ou um céu muito estrelado, paradoxalmente criam a sensação de pertencimento e de insignificância. penso, mas não compartilho aquele pensamento naquele momento e resolvo escrevê-lo.

voltando para casa, continuo pensando sobre o medo, mesmo que já tenhamos trocado de assunto tantas vezes. encaro os cabelos louros e acho um tanto irônico que ela seja tão impetuosa e tenha um medo tão ordinário.

veja, não estou debochando do medo de ninguém, mas para quem já nadou com tubarões, se afogou com âncoras de outros barcos, alimentou as baleias, desviou de água vivas, e ainda assim, não deixou em nenhum momento de acreditar que o mar em algum momento iria parar de arrastá-la para baixo, agora que reflito sobre o medo, parece irônico que ela duvide da própria capacidade de aproveitar a possibilidade de boiar um pouco sozinha.

março 01, 2023 No comentários

tem sido uma semana interessante no mundo da música mainstream: tivemos o lançamento de flowers da miley cyrus que é uma verdadeira ode a autoestima e autossuficiência. também veio aí o hino do shade para homens medíocres cantado por shakira.

existe todo um misticismo de que as pessoas tem escrita mais criativa quando estão tristes ou com raiva. eu me vi, por diversas vezes, acreditando nessa premissa e inconscientemente não me incentivando a escrever quando estou feliz porque (abre aspas) o texto não ficará tão bom ou profundo (fecha aspas). e isso não é diferente no mundo da música - tendemos a cantar a plenos pulmões as canções que entoem as emoções tidas como negativas ou ruins porque, talvez, fique mais fácil de lidar com elas.

mas também é porque não suportam a ideia de ver uma mulher feliz sozinha se isso fere o ego ou a reputação de um homem. por exemplo, miley foi super elogiada por malibu ser uma música felizinha que fala sobre amor, mas quantas vezes foi criticada por lançar músicas como mother's daughter ou plastic hearts que também são músicas alegres, mas as letras são recheadas de autorreconhecimento e imposição de limites? o que gera tanto incomodo?

Fonte | Twitter

o óbvio em relação ao piqué e a shakira é que ela constantemente está sendo atacada como a imatura, a que não superou o relacionamento, a que está querendo lucrar em cima do fim do casamento e, mais uma vez, a cobrança da maturidade, da maternidade de um homem adulto formado e a responsabilidade pela boa reputação dele enquanto um pai e ex-marido ficam sob responsabilidade dela. nem depois de absurdos dentro de relacionamento ela tem o direito de expor o que sente.

"ah, mas precisava?" sim, ela é uma artista. alguém está atazanando o justin timberlake por ter feito um clipe de cry me a river com uma sósia da britney spears? ou por ter lucrado horrores com o lançamento de what goes around... comes back around? hm, foi o que eu pensei.

o justin nunca teve que ajudar a reconstruir a reputação da britney. nem o whindersson da luisa sonza. nem o brad pitt da angelina jolie (eu poderia citar, literalmente, mais de mil referências, mas acho que vocês já estão conseguindo entender, assim espero). todas as mulheres tiveram que, por conta própria, enfrentar o julgamento de toda uma sociedade com suposições e conclusões infundadas. todas elas foram responsáveis pela construção e reconstrução da própria imagem. e também responsáveis pelos homens com os quais se relacionaram - não a toa, qual é a imagem pública que todos têm desses queridos? a carga sempre fica conosco, mesmo quando há a mesma forma de expressão artística.

em nenhum momento shakira ou miley falaram que a música foi para os exs. e por que é de responsabilidade delas que eles pareçam bonzinhos quando eles não foram? por que elas não tem o direito de expressar a plenos pulmões a dor delas? por que a reputação deles é mais importante do que como elas se sentem?

"eles seguiram a vida e não estão falando mal delas por aí" há quem comente. bom, talvez eles não estejam falando mal justamente porque não há muito o que ser falado. talvez não seja proporcional ou cabível vir a público criticar a ex, publicamente ou não, depois de tanta negligência emocional. ainda assim, com tanta ferida, fica a carga para elas de lidar com os próprios sentimentos, os ataques vindos de todos os lados e a reputação desses queridos.

socialmente não estamos prontos para vermos mulheres responsabilizando publicamente homens adultos por seus erros e ser responsabilidade única e exclusivamente deles a reconstrução da própria imagem, mas já estamos bastante acostumados e coniventes quando é o contrário.

mas bom, para quem continua incomodado, as mulheres já não choram mais, as mulheres faturam.

Fonte | Twitter

janeiro 15, 2023 No comentários
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Olá, sou a Lari e tenho 27 anos - e há mais de quinze anos escrevo algumas coisinhas para internet. Sou formada em Relações Públicas e trabalho com marketing de influência. Adoro consumir cultura e divulgar dicas por aí.

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